Sim, a mulher muda depois dos filhos, isso é inquestionável. Depois que nos tornamos mães muita coisa muda. E tem um certo período em que temos a nítida sensação de que nada mais será como antes. É mais ou menos como de repente acordar em outra vida. Uma vida totalmente diferente daquela a qual você estava acostumada. Aquela onde você tinha horário de acordar, um tempo para cuidar de você e oportunidade de escolha.
Sim, a mulher muda depois dos filhos…
Você agora é mãe! As prioridades mudam, os programas mudam, seu ritmo muda, até a forma de você enxergar o mundo muda. E é extremamente desafiador encarar essas mudanças. Porque mesmo elas fazendo parte de uma escolha nossa – a de ter um filho – elas nos reviram do avesso.
Depois de algum tempo (na verdade apenas depois que tive o terceiro filho), eu compreendi que não tem como não ser desafiador, não ser exaustivo. Um filho e todas as suas necessidades exigem muito de nós. Exigem doação, privação de sono, abdicação de vontades, anulação de nós mesmas em muitas vezes. Essa adaptação é um processo intenso pelo qual passamos sem estar preparadas. Afinal de contas, nós nos preparamos para trocar fraldas, para dar banho, nos preparamos para o parto. Preparamos nossa casa para receber o bebê, preparamos nosso guarda-roupas para acolher nossa nova forma, mas não nos preparamos para os desafios.
Ninguém vai te ensinar a ser mãe
Filhos não vem com manual de instruções…Você certamente irá se perder em alguns momentos e se culpar em muitos outros. Mas a notícia boa é que aprende-se errando também. O aprendizado vem do dia a dia. Do conhecer sua cria. Do lidar com as diferenças e a individualidade de cada filho.
Nem os dedos de nossas mãos são iguais. Filhos muito menos. Assim também são as mães. Diferentes em ações, iguais no amor…
Não conheço nenhuma mãe que não ame seu filho e que não esteja fazendo por ele o seu melhor… Aprendi apenas na prática que ser mãe é doar-se de forma incondicional e sobrenatural. E que fazemos isso sem perceber…
Mas afinal o que tanto muda?
O tempo passa e as coisas parecem ficar mais fáceis… Eu ainda não descobri se o tempo faz com que as coisas passem ou nos faz nos adaptar a nossa nova condição. Mas aprendi a aproveitar as fases.
Hoje eu concluo que a resposta para passar por essa fase de forma mais leve está dentro de nós. O desafio não deixará de existir, mas a forma como enxergamos esses desafios é que fará toda a diferença. Na verdade eu acredito que hoje eu não penso muito nas dificuldades. Tem que fazer eu vou lá e faço. Uma coisa meio automática.
Nós nos moldamos, nos transformamos… De uma forma tão natural que chega a ser imperceptível para nós mesmas. Até que um dia, lá na frente, olhamos para trás buscando encontrar algum traço daquela que um dia fomos e não encontramos… A maternidade tem o poder de transformar até a nossa essência.
Ah! E só pra constar, aos poucos vamos nos resgatando também! Eu posso ter perdido muito do que eu era, mas ganhei muito do que eu sou. E hoje, o que eu sou, ou quem eu sou, é infinitamente mais feliz, mais forte e mais completa… Posso ser muitas em uma só, mas ser mãe é o melhor de mim.
E quanto aos desafios…
Um dia de cada vez!
Para refletir
Depois que me tornei mãe muitas coisas mudaram em mim. Coisas que eu não imaginava e que não pensava serem possíveis. Me tornei mais tolerante, mais consciente de mim mesma, dos meus sentimentos e pensamentos. Passei a admirar mais a singeleza de cada momento e a singularidade de cada pessoa.
Depois que me tornei mãe, não durmo como antes, não me alimento como antes, nem me desligo da realidade como antes. Tenho horror aos noticiários e às tragédias distribuídas em escala além da industrial, transmitidas ao vivo e amplificadas. Deixei de assistir às novelas e passei a me inundar de programação infantil. E, por incrível que pareça, descobri que não me importo com isso.
Compreendi que poucas vezes antes fiz coisas tão simples com o prazer eufórico de uma primeira vez constante. Porque os filhos mudam alguma coisa fundamental em nós. Porque sempre será a primeira vez deles em algo. Porque eles nos transformam em pontos cruciais e alteram toda nossa psique. Os filhos nos ensinam que existe algo mais importante que nós mesmos e que o agora importa muito, principalmente na medida que ele constrói um futuro que será compartilhado.
Depois que me tornei mãe – valha-me Deus – virei adepta dos clichês.
Aceitei que os filhos são tudo em nossa vida, que uma pessoa nunca amou ninguém até ter um filho, que não há mal que dure para sempre, que não existe mãe sem peso na consciência, que tudo o que fazemos é pensando no melhor para os filhos. Não que isso seja ruim. No fim das contas, acho que esses clichês são cheios de uma verdade tão grande que irrita mesmo. Porque na maioria esmagadora dos casos, não há como discordar deles.
E descobri que se me fosse dada a chance de escolher outra vida, outro caminho e outras circunstâncias, eu provavelmente declinaria a oferta. Eu certamente ia querer o que tenho, da maneira que tenho: com as vantagens, com o cansaço, as lágrimas, os sorrisos, abraços, risadas, sonhos, brincadeiras, broncas, choro, febres, aprendizados e realizações. Porque são exatamente essas coisas que me permitem dizer, sem medo de errar ou de parecer hipócrita, que sou uma pessoa extremamente feliz.
(Autor desconhecido, mas poderia facilmente ter sido escrito por mim!)