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Como lidar com o ciume entre irmãos? Muito eu ouvi sobre ciumes de irmãos quando eu estava grávida do Igor. As mais bizarras estórias. Sempre tem um santo que aparece do nada para te contar algo assustador… Aquelas coisas do tipo que o irmão queria jogar a irmã no lixo, que o mais velho parou de comer e chorou 3 dias seguidos quando o mais novo nasceu ou que o trabalho foi tanto que a mãe quase enlouqueceu. Eu, mãe de dois filhos com uma diferença de 15 anos de idade até então não havia passado por isso e confesso que tinha bastante receio de como seria.
Sentimentos maternos
O tempo ia passando e cada vez mais me ocorria que o tal ciume era uma coisa que inevitavelmente aconteceria, já que ao meu ver sempre me pareceu algo provocado pelas próprias pessoas. Sinceramente, não vejo como fazer a coisa parecer fácil para o irmão(a) mais velho, já que desde que se pega um resultado positivo de gravidez, o coitado deixa de ser ele mesmo para ser o irmão do bebê que vai nascer. Ninguém mais chegava e perguntava: “Oi Elisa, como você está?”.. O papo era a mesma lenga lenga de: “Quer dizer então que você vai ganhar um irmãozinho?”, “O que que tem aí na barriga da sua mãe?”, “Você vai cuidar do seu irmão?” se esquecendo de que a mãe sou eu… Isso quando a pessoa era legal, porque outros sem noção pioravam a situação: “Onde ele vai dormir? Agora, você vai ter que dar o seu bercinho pra ele, né?”, “É Elisa, agora você perdeu seu posto”… Coisa mais chata. Juro que esse papinho me dava vontade de sair correndo com minha filha.
No finalzinho da minha gravidez eu vivi uma ansiedade antecipada, um nó na garganta pelo que minha menininha iria passar, afinal, até então, nos últimos dois anos e um mês que se passaram eu era só dela 24 horas por dia. Esse pensamento me rendeu lágrimas e lágrimas. Me apeguei mais ainda a Elisa querendo exageradamente demonstrar a ela o quanto era amada e querida e que nada nesse mundo mudaria essa condição. Aproveitei cada segundo dos nossos últimos dias de “clube das luluzinhas”.
Quando Igor chegou
Igor nasceu e Elisa o recebeu de braços abertos, sorriso largo e um coração cheinho de amor pra dar. Ela nunca o rejeitou. Nunca quis jogá-lo no lixo, nem afogá-lo na banheira. Mas não passou ilesa à todas as mudanças quer estevam acontecendo em nossa casa. Sentiu o clima de atenção para o mais novo. Viu a mãe com pouco tempo para ela. E minha menininha que sempre foi tão bem resolvida com esse papo de ciume, mudou seu comportamento dentro do que acredito ser absolutamente normal. Ficou arredia, teimosa. e algumas vezes agressiva. Lidar com ela era a cada momento uma nova etapa a ser vencida. Os primeiros dias foram para mim os mais difíceis. Eu também não sabia como agir. Eu também estava passando por uma adaptação. Era como se estivéssemos apenas naquele momento cortando o cordão umbilical que nos unia desde o ventre.
É certo que cada criança reage de um jeito, mas ciume aqui em casa se revelou em mudança de comportamento e joguinhos para chamar atenção.
Elisa estava feliz com a chegada do irmão. Queria participar de tudo, queria cuidar, segurar… Com ele, estava tudo bem. O alvo de minha menininha era eu e suas investidas em me agredir resultavam em broncas. Me doía muito, mas muito mesmo, vê-la sendo chamada atenção quando na verdade tudo o que ela queria era atenção. Também não tinha como passar a mão na cabeça dela para determinadas atitudes, era preciso impor limites, ensinar.
Os dias foram passando e as coisas entrando nos eixos. Ainda hoje existem alguns episódios de ciumes. Nunca foi um ciume declarado. Elisa apronta as dela quando quer chamar atenção. Na verdade ela é uma moleca aprontadeira mesmo, mas tenho conseguido discernir bem a diferença entre sua molecagem e sua carência e tenho tentado agir de diferentes formas. As vezes ignoro que ela está me provocando, desconverso, sorrio, brinco… vou levando. Outras vezes perco a estribeira, brigo, revido. Ela chora um choro sofrido. E essa é a pior parte. Me destruo em culpa e lágrimas.
Nova fase
Estamos agora numa nova fase. Igor está todo engraçadinho, bebê gordo, risonho, bonzinho. Bem do tipo quer todo mundo para pra brincar. Sempre que chegamos em algum lugar onde o Igor é novidade, as pessoas se juntam em volta dele para paparicá-lo… E em algumas situações, dependendo das pessoas, vejo minha pequena com olhando com aquela carinha de cachorro que caiu da mudança. Nada nesse mundo parte mais meu coração. Seu silêncio me agride muito mais que suas atitudes impensadas de criança. Alguns tem o bom senso de chegar primeiro na Elisa, brincar com ela, conversar, dar total atenção, mas a maioria não. Nessas horas paro tudo o que estou fazendo e me volto para ela. Vejo que ela compreende o meu ato. Seu sorriso me agradece e assim nos entendemos.
Não sei de nenhuma teoria da psicologia para lidar com isso…
Na verdade eu não quero saber. Não acredito totalmente em nenhuma vertente. Acredito no instinto materno. Acredito no sentimentos. Não sei até que ponto a criança compreende tantas mudanças. Pode ser drama. Pode não ser. Eu sei que em algumas vezes, eu percebo que ela sabe o que está fazendo. Eu sei também que todo esse processo e aprendizagem fazem parte do crescimento dela e do desenvolvimento de sua personalidade, mas creio que há uma forma de passarmos por isso com mais tranquilidade. Estamos aprendendo e nossos momentos tem sido cada vez melhores.
Bom mesmo é ver que apesar daquilo que chamamos de ciume, meus dois pequenos se entendem cada dia mais. O olhar do Igor para Elisa é algo que encanta. Seus olhos se iluminam e sorriem para ela. O cuidado de Elisa com o Igor é algo que emociona. Ela cuida e protege o irmão com uma maturidade não muito comum para sua idade. Nada me enriquece mais como mãe do que ver meus filhos juntos, os três, felizes, cada um em sua fase, cada um de seu jeito, mas se amando. E aí esses joguinhos de atenção se tornam tão pequenos diante da magnitude da relação de irmãos que me desarmo. Sim, um irmão é o melhor presente que se pode dar a um filho.
Coração de mãe… tempo ao tempo… Cresceremos juntos…
Algumas coisas que funcionam muito por aqui:
- Absolutamente sempre procuro deixar Elisa participar das atividades que envolvem os cuidados com o irmão
- Aprendi a aceitar que os carinhos de Felicia da Elisa sem chamar atenção dela toda hora, a não ser que eu veja que o Igor está em alguma situação de risco
- Se encontramos outras pessoas e tenho liberdade de falar, peço para que dêem atenção primeiramente a Elisa
- Nem tudo o que faço com um, faço como o outro no mesmo momento, mas sempre as coisas são conversadas e explicadas desde quando eu estava grávida
- Procuro ter momentos a sós com Elisa, mesmo que eu tenha que me desdobrar ainda mais para isso
- Em todo o tempo procuro demonstrar carinho e reconhecer suas qualidades
- Atenção, interesse e diálogo são os pilares do bom relacionamento aqui em casa
- Conto para ela as coisas de quando ela era do tamanho do Igor
- Não encaramos nada como perdas e sim como ganhos
- Nunca deixo de cumprir com a rotina da Elisa como ela estava habituada (horário de banho, alimentação, brincadeiras e sono)
- Peço a Deus todos os dias uma dose extra de paciência
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“Ter um irmão é ter, pra sempre,
uma infância lembrada com segurança em outro coração.”
5 comments
Sa !!! Realmente o melhor presente pra um filho é outro filho… até hj se alguém vem dar atenção para o Lucas chamo a atenção para o Vítor e vice versa… pq hoje o Lucas tem ciúmes do Vítor tb ….. é uma troca de atenções … que temos que saber equilibrar. Mas é isso mesmo… nosso coração que sabe o melhor pros nossos filhos…. as teorias ajudam muito, mas cada um é cada um… e nada melhor do que nosso olhar atencioso sobre os dois pra fazer isso ser melhor!! BJUUUUUU
Nossa Sabrina que lindo! Estou quase passando por esse momento, pensando como a Alice vai reagir quando a irmãzinha Elisa chegar… Tento fazer com que a Alice participe de tudo da irmã e como serão amigas e companheiras. Sei que o ciumes é inevitável, pois, a Alice hoje é o centro das atenções na família, mas irei tentar fazer o melhor para minimizar os impactos negativos para ela com a chegada da irmã. Peço a Deus muita sabedoria para cuidar das minhas bênçãos!!! Gosto muito do seu blog e o encontrei em uma pesquisa sobre o nome Elisa e simplesmente apaixonei!
Sabrina, passo a mesma coisa com os meus! Mas mesmo com todo o trelelê….ainda é uma delícia. Maria Paz
Puxa vida! como é dificil! estou me sentindo terrivelmente culpada nesse momento, ainda mais porque li o texto da Tati Bernardi. Sou mãe da Sofia de 5 aninhos, uma menininha linda que carrega em si o significado do seu nome "sabedoria". Pois é, de certa forma ela é filha unica do meu marido e minha (meu marido tem um filho de 18 anos), ela não tem primos e se talvez futuramente tiver será um, quem sabe?, tem apenas dois tios, um irmão meu e o outro do pai, duas avós e um avô, ou seja uma micro família. E adivinha o que ela mais me pede? UM IRMÃOZINHO PEQUENININHO, já que sempre dizemos que ela já tem um irmão. Eu trabalho fora e perdi muitas coisas do dia a dia dela de quando era nenem e agora me vejo nesse dilema, provavelmente quando a Sofia crescer se sentira muito sozinha. Que dilema complicado e que sentimento doloroso esse de culpa, ainda mais pra mim que tive e fui a companheira do meu irmão, três anos mais velho, companheiro de bagunça, de traquinagem, cumplice, de balada e se segredos. Sinceramente… que didificl.
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