Dona de casa nos dias de hoje
A percepção do papel da mulher na sociedade vem mudando com a evolução. Elas participam mais ativamente e evidentemente se tornam cada mais mais capacitadas em vários âmbitos, mostrando seu valor e suas inúmeras habilidades. Sim, porque as mulheres são multi funções e disso nós sabemos bem não é mesmo? Mãe, dona de casa, esposa, amiga, profissional, filha… e por aí vai…
Em tempos onde a mulher busca cada vez mais seu espaço no mercado de trabalho, reconhecimento profissional e equiparação salarial (que por incrível e mais absurdo que pareça ainda não acontece), a escolha de parar de trabalhar para ser mãe e dona de casa é nadar contra a maré, afinal ser dona de casa aos olhos de uma grande maioria é algo que ficou no século passado.
Fui criada para ser uma mulher independente, bem sucedida financeiramente, profissionalmente realizada. Minha mãe sempre trabalhou fora e trabalha até hoje (com 64 anos). Criamos nossas filhas ensinando que elas precisam estudar e ter uma profissão. Que precisam “ser alguém na vida”. Isso não é errado. Errado é deixarmos de mostrar que se opção delas for outra, elas também terão seu valor.
Uma escolha conflitante
Não devemos ignorar que existe um número considerável de mulheres optam por serem administradoras de seus lares e que merecem tanto reconhecimento quanto aquela que fez a escolha de trabalhar fora. Digo por mim, que essa não é uma decisão fácil e que tive inúmeros dilemas quando decidi largar minha carreira numa conceituada empresa para cuidar de minha família.
O conflito vem de diversas formas, tanto externas como o olhar da sociedade para a mulher que optou em ser mãe e dona de casa quanto internas, da própria mulher se sentir improdutiva por não gerar renda financeira. Não ter meu dinheiro pesou a princípio, mas não ter liberdade pesou muito mais.
Entenda bem: eu não estou dizendo que a maternidade aprisiona a mulher, mas por aqui eu não tenho uma rede de apoio para me cobrir e por muitas e muitas (e muuuuuitas vezes) ir até a manicure era uma coisa complicada. Sair com duas crianças pequenas penduradas a tira colo para todo e qualquer tipo de compromisso (supermercado, consulta ginecológica) é desgastante. E não só isso, em certa época até meus banhos tinham companhia!!
Porém, toda escolha que fazemos na vida requer abdicação de algo. Nenhum caminho é um mar de flores. E nenhum outro trabalho que eu tenha exercido na vida me realizou tanto.
Mãe e dona de casa… um trabalho não remunerado e tantas vezes subestimado
Para muitos a mãe e dona de casa ou é a dondoca ou é aquela mulher estagnada, sem valor, de baixa capacidade intelectual…
Quem nunca ouviu pelo menos uma das perguntas abaixo que atire a primeira pedra:
– Mas você não trabalha?
-Está cansada de que?
-Como não deu tempo? O que você tanto fez?
De certa forma a sociedade ainda nos cobra com esse tipo de pergunta ou mesmo com comentários inoportunos. Muitos não conseguem enxergar o verdadeiro valor, esforço e empenho da mulher quer é “apenas” mãe e dona de casa as fazendo acreditar que realmente são um “zero a esquerda”.
A mudança dessa percepção começa em nós
Temos que nos conscientizar e nos posicionar com relação ao nosso valor. O trabalho de mãe e dona de casa é extremamente desafiador e só me dei conta disso quando percebi que passei a trabalhar muito mais depois que deixei de trabalhar fora.
O trabalho mais difícil do mundo
O trabalho é ininterrupto, sem direito a férias, décimo terceiro, horário de almoço, prêmio de participação nos lucros etc… Mas ao mesmo tempo, é o trabalho mais valioso que pode existir. Não desmerecendo qualquer outro trabalho, porque mesmo aquelas que trabalham fora, sabem que seu tesouro mais precioso está dentro de casa.
Chega a ser contraditório, nós mesmas vivemos incentivando nossas filhas e estimulando o instinto com bonecas e panelinhas, mas reforçamos que para ser alguém na vida elas precisam ter uma carreira.
Então, por que não começarmos por nós a mudarmos esse conceito dentro das nossas próprias casas? Temos um legado com nossas meninas: Ensiná-las a serem mulheres de valor, mas principalmente mostrá-las que uma mulher de valor não é somente aquela que tem uma carreira. Que para administrar sabiamente um lar, cuidar dos filhos e auxiliar o marido é uma tarefa difícil e que ela precisa ser virtuosa, inteligente e muito capacitada .
Tenho comigo que é nosso dever incentivar nossas filhas a sonhar e lutar por seus sonhos, é nosso dever dar asas, mas além de tudo, é nossa missão orientá-las a jamais se deixarem oprimir por conceitos e pré-conceitos estabelecidos pela sociedade.