Já reparou como nós nos preocupamos em preparar os nossos filhos para o futuro? Tentamos os capacitar das mais diversas formas. Buscamos as melhores escolas, cobramos rendimento escolar, pagamos aulas de reforço, matriculamos em cursos de línguas, informática, robótica, e muitas vezes deixamos de nos preocupar com algo essencial na vida de qualquer ser humano. Algo que realmente vai fazer diferença em qualquer âmbito da vida: A inteligência emocional.
Não temos trabalhado de forma inteligente as emoções de nossos filhos e o que se vê é uma geração perdida que muitas vezes não sabe lidar com sentimentos. Jovens depressivos, instáveis emocionalmente e desencorajados.
Nossa colunista Verônica Dias, Master Coach para pais e crianças é desenvolvedora de projetos educacionais e há quatro anos começou a se aprofundar no caminho do autoconhecimento, justamente preocupada com as questões acima. Desde então, vem se especializando em autoconhecimento e inteligência emocional para pais e crianças, para apoiar uma educação consciente, baseada no exemplo e em uma inteligência a qual não é desenvolvida nas escolas ou faculdade.
Você acredita que seu filho sabe lidar com as próprias emoções de maneira inteligente e positiva? Entenda que uma pessoa inteligente emocionalmente não é aquela que desenvolveu a habilidade de simplesmente deixar de sentir raiva, medo ou tristeza. Inteligência emocional não é deixar de sentir medo, tristeza ou raiva, mas sim, saber lidar com essas emoções!
Vamos descobrir o que é isso na prática e como você pode ajudar seu filho a desenvolver essa habilidade
O que é inteligência emocional?
É a capacidade de entender e lidar com as próprias emoções e sentimentos, e também, com as emoções e sentimentos de outras pessoas. Simples né!? Nem tanto! Porque a maioria de nós recebeu uma educação que visava, antes o comportamento, que a compreensão mais profunda dos sentimentos e razões.
Por isso, a maioria das pessoas ainda vive presa a ideia que existe sempre uma resposta ou atitude emocional certa a cada situação, e tenta desenvolvê-la, mesmo que o preço pago seja se distanciar mais e mais do que realmente sente e deseja, em busca do que seria sociavelmente aceitável sentir e desejar.
Muitos de nós perdemos o contato com as próprias emoções e tornamo-nos, por conseqüência, incapazes de entender para poder agir sobre elas e ate transformar positivamente, nos casos em que nos afetam negativamente e nos atrapalha.
Qual o papel dos pais no desenvolvimento da inteligência emocional dos filhos?
A maioria dos pais está preocupada com a educação que vão dar aos filhos, com desenvolvimento do QI (quociente intelectual) e o cognitivo, mais desconhece o QE (quociente emocional) que desenvolve a metacognição e amplia o Sistema límbico grande área responsável por muitas habilidades, talentos e competências que são desenvolvidas ao longo
da vida.
A inteligência emocional da criança pode ser moldada na interação familiar, manter a calma, mostrar que ficamos irritados, com raiva, mas que podemos agir de forma a não causar arrependimentos futuros (pensar antes de agir, como a outra esta se sentindo). Reconhecer que algumas emoções podem prejudicar nossa vida, entretanto há a possibilidade de gerenciá-
las e encaminhar situações desagradáveis para um melhor desfecho.
As crianças copiam o que fazemos e não o que falamos então o raciocínio é simples, se a maioria de nós não desenvolveu essa habilidade pelo padrão comportamental que fomos criados, cabe a cada um refletir se quer repetir esse comportamento ou se quer algo a mais para seu filho!
Quais os benefícios de desenvolvermos a inteligência emocional das crianças?
O que você me diria se eu contasse que crianças com habilidades emocionais se tornam adultos felizes e seguros? E mais, a chance de se tornar depende químico, por exemplo, é quase nula? Tem mais, hoje ninguém cresce profissionalmente por ser inteligente ou saber determinado assunto, mais sim por suas atitudes, comportamentos, emoções. Isso é um fato comprovado!
Alem disso…
1- Crianças emocionalmente inteligentes são mais seguras para encontrar soluções para os problemas que a vida traz no cotidiano, ou quando acontecem eventos mais sérios como perdas, separações e outros tantos acontecimentos que podem traumatizar;
2- Ajuda a criança a ser menos agressiva, mais sociável, permite que ela tenha uma vida mais tranqüila, calma, na timidez, na agitação;
3- Evita no futuro o envolvimento com qualquer tipo de dependência química;
4- Controle e entendimento das birras
5- A autoestima, autoconfiança, autonomia estão ligadas ao desenvolvimento da
Inteligência emocional.
Como posso ajudar a desenvolver a inteligência emocional do meu filho?
Os pais têm papel importantíssimo no desenvolvimento da inteligência emocional dos seus filhos. Ouço muitos pais falando: “São apenas crianças, não sabem expressar o que sentem, temos que respeitar.”, concordo com parte de respeitar desenvolvimento do filho, mas quero deixar aqui uma reflexão, vocês aprenderam sozinhos os comportamentos que tem hoje, ou vocês receberam isso de alguém? Copiam o comportamento de alguém ou vocês acham que isso foi instinto?
Para se educar um filho de modo que este se torne emocionalmente inteligente, é preciso primeiro reconhecer suas emoções, sem repreendê-las, desrespeitá-las ou ignorá-las. Precisam conhecer as suas para ajudar seus filhos a identificar suas próprias emoções e impor limites adequados.
Existem algumas maneiras de apoiar ao seu filho nesse caminho emocionalmente saudável. A primeira delas é a própria educação que passam a eles, e não existe certo ou errado, não existe uma fórmula para isso (como 8 maneiras de educar seu filho). Cada pessoa tem uma essência, um pensar e um agir, e bem ai que entra a inteligência emocional e o apoio, é respeitando e tendo empatia por cada um.
Os pais devem ensinar aos filhos estratégias para lidar com os altos e baixos da vida. Devem aproveitar os estados de emoções das crianças, para ensiná-las como lidar com eles e como tornar-se uma pessoa humana, de acordo com os valores em que acreditam.
Meu filho não meu ouve e agora?
Vale por em prática:
1- Perceber as emoções das crianças e as suas próprias;
2- Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade e orientação;
3- Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança;
4- Ajudar as crianças a verbalizar as emoções;
5- Impor limites e ajudar a criança a encontrar soluções para seus problemas e não fazer
por elas, acreditar no potencial que cada uma nasce.
Para os pais de crianças menores, uma super dica, aproveitando os desenhos que eles tanto amam é o desenho: Daniel Tigre.
Onde mais buscar apoio e orientação?
Uma outra maneira é buscar apoio externo, através de atividades que visam desenvolver o autoconhecimento e a inteligência emocional. Hoje, temos alguns profissionais da área como Coaches preparados e especializados no assunto, terapias, neuropsicopedagogos e profissionais da neuroeducação.
As escolas também são importantes nesse processo, já que é lá que se desenvolve grande parte do cognitivo. Então, porque não, desenvolver a metacognição e o autoconhecimento alinhado e com coerência ao intelectual?
Existem várias maneiras da escola apoiar esse caminho consciente das emoções. A escola tem a oportunidade de escolher o que melhor irá atender as suas necessidades e encaixar em sua missão. Em alguns casos, a escolha é por treinar os educadores e eles aplicam na grade curricular dentro da proposta pedagógica. Outros, podem optar por terem profissionais específicos da área que não sejam os educadores, e fazer parte tanto da grade curricular quanto uma atividade extra curricular.
A partir de que idade é indicado começarmos a desenvolver a Inteligência emocional das crianças?
A educação emocional faz parte da formação da criança. Como mãe desde que tive contato com esta ferramenta, venho dialogando e ensinando a minha filha, ela tinha acabado de nascer. Hoje com 4 anos ela me corrige (risos) e me ensina quando em momentos o meu instinto fala mais alto. Como falei não somo perfeitos e não precisamos mostrar isso a eles.
Como profissional da área, desenvolvo crianças a partir de 3 anos, respeitando seu desenvolvimento cognitivo e de maneira bem lúdica, eles aprendem a se conhecer brincando e se divertindo. Mas acredito que desde o planejamento da criança a mãe e o pai já podem fazer todo trabalho de ensinar isso a eles, afinal, várias ciências e culturas já comprovam que a
criança tem influência desde o seu planejamento.
Com carinho,
Verônica Dias